Palavra-Chave - Crônica “Estado de Minas" - 22/06.2017 - Mário Ribeiro

Em todas as Línguas o palavrão tem o seu lugar garantido, mas parece que poucas vezes na história da humanidade usou-se tanto os palavrões. Ou será que sempre foi assim?

Cícero, no Senado romano, usou de habilidade e nobreza linguística ao criticar Catilina. Ficou até bonito e elegante: “Quosque tandem abutere, Catilina, patientia nostra”, o que na linguagem corrente seria algo como “pare de encher o odre dos componentes dessa Casa”.

Acontece que um tribuno como Cícero nunca poderia romper o decoro parlamentar - e isto nos faz supor que sua declaração tenha servido, ao longo do tempo, como exemplo para políticos em geral que teem os seus pronunciamentos quase sempre marcados por muita enrolação e muito tatibitate para dizer coisa nenhuma por mais insignificante e irrelevante que sejam.

As “palavras de baixo calão” fazem parte do vocabulário popular, pois em certos casos não há como não explodir raiva sobre fatos desagradáveis senão usar o chamado “nome da mãe”, o mais agressivo de todos os palavrões.

E sempre aparece um xingamento novo para aumentar o rol de palavrões disponíveis para exteriorizar raiva ou condenar comportamentos incompatíveis com a realidade da vida.

Mas há uma palavra de cinco letras que parece comum a todos mortais, sejam ricos ou pobres, ignorantes ou doutores, intelectuais ou analfabetos, santos ou pecadores, capaz de retratar ojeriza, ódio, descrença, desilusão ou inconformismo, usada a todo instante e que tem todo o carinho de quem a diz, embora não fique de bom tom usá-la por escrito, principalmente em jornal.

Mas que o mundo está cada vez mais uma $@#%! está.


Mário Ribeiro