Meu amigo ex-doido andava sumido. Cruzei com ele em esquina perto de casa envolto em uma profusão de blusas de frio, capote e um gorro preto que encobria até as orelhas. Postava enorme barba e lhe sobrava no rosto apenas uma réstia de cada bochecha.
Só o identifiquei pelo tradicional tic-tic nervoso que o acompanha desde priscas eras quando saiu do nosocômio hoje fechado diante da evolução da clínica psiquiátrica.
Perguntei ao ex-doido como passava e ele disse que está tudo ótimo. Seu problema é a falta de compreensão de parentes e amigos em aceitar seus novos projetos de vida.
Entre outras implicâncias contra ele não admitem que transforme em rotina diária sua subida à Serra do Curral para, lá de cima, observar o vai-e-vem da plebe rude a toda velocidade em seus carros moderníssimos como se o mundo fosse acabar logo em seguida.
No alto do morro ele medita qual um monge do Tibet, deliciando-se com o silêncio do local só prejudicado pelo zumbido dos ventos frios do inverno. Todo encolhido pela friagem, o ex-louco tem chegado a importantes conclusões.
Para ele, está na hora de se promover uma revirada nos modos da população e, especialmente, na política. Além disto, acabar de vez com horários, deixando cada um administrar suas atividades ao bel prazer, independente da burocracia estatal cada vez maior e inoperante.
Pensa, ainda, que é preciso dar um basta no excesso de transmissão de jogos de futebol, só não ocupando mais tempo por causa da concorrência dos milhares de programa sobre culinária. Mas aí ele foi se afastando falando sozinho.
No meu espanto, pensei: - “E se o ex-louco tiver razão?”
Só o identifiquei pelo tradicional tic-tic nervoso que o acompanha desde priscas eras quando saiu do nosocômio hoje fechado diante da evolução da clínica psiquiátrica.
Perguntei ao ex-doido como passava e ele disse que está tudo ótimo. Seu problema é a falta de compreensão de parentes e amigos em aceitar seus novos projetos de vida.
Entre outras implicâncias contra ele não admitem que transforme em rotina diária sua subida à Serra do Curral para, lá de cima, observar o vai-e-vem da plebe rude a toda velocidade em seus carros moderníssimos como se o mundo fosse acabar logo em seguida.
No alto do morro ele medita qual um monge do Tibet, deliciando-se com o silêncio do local só prejudicado pelo zumbido dos ventos frios do inverno. Todo encolhido pela friagem, o ex-louco tem chegado a importantes conclusões.
Para ele, está na hora de se promover uma revirada nos modos da população e, especialmente, na política. Além disto, acabar de vez com horários, deixando cada um administrar suas atividades ao bel prazer, independente da burocracia estatal cada vez maior e inoperante.
Pensa, ainda, que é preciso dar um basta no excesso de transmissão de jogos de futebol, só não ocupando mais tempo por causa da concorrência dos milhares de programa sobre culinária. Mas aí ele foi se afastando falando sozinho.
No meu espanto, pensei: - “E se o ex-louco tiver razão?”
Mário Ribeiro