O PGR Janot, o Procurador Miller e a JBS - Arthur Lopes Filho

O último círculo do inferno de Dante, “O Lago Cócite”, é o abismo gelado de Lúcifer, no qual acontece a punição pelo pecado da traição, seja contra a própria família, seja contra a pátria. O ódio dos pecadores que nele habitam é tão intenso, que uns se alimentam dos cérebros dos outros.


Rodriguinho foi sempre traquinas, desde menino. Dizem que a sua maior alegria era “dar pedradas” nas mangueiras dos vizinhos com a ajuda de um colega do colégio de apelido Alemão. Um dia acertou a cabeça do Miguel, filho do senhor Fuad que era comerciante na Rua dos Caetés, em Belo Horizonte.

O assunto foi resolvido no Distrito Policial.

Rodriguinho levou pitos do Delegado Carvalho e Alemão recebeu 20 bolos de palmatória do Inspetor Zuin para deixar de ser apedrejador.

É o que contam e até acredito.

Rodriguinho sempre com o cabelo muito bem penteado, foi advertido com pitos e o Alemão com o cabelo espigado mereceu a palmatória.

E o menino cresceu, estudou Direito, mudou-se para Brasília onde, por mérito, foi aprovado em concurso público para o cargo de Procurador da República.

Passou a ser o Dr. Janot.

Nas horas de folga, praticou tanto que se tornou um grande arqueiro. Para se suprir de flechas menos onerosas, valeu-se de um sítio nos arredores da cidade onde havia um bambual. Mas sua sina era maior que a de grande arqueiro. 

Foi elevado a Procurador Geral da República com escolha anunciada pelo Palácio do Planalto:

- "A presidenta Dilma Rousseff considera que Janot reúne todos os requisitos para chefiar o Ministério Público com independência, transparência e apego à Constituição".

Ele ficou muito grato, tanto que, quando Dilma foi impedida pelo Congresso e deixou de ser “presidenta”, passou a infernizar a vida do vice que se tornou Presidente Michel.

Os que o conheciam desde Rodriguinho chegaram a pensar que era lembrança dos pitos que levou pela pedrada na cabeça do Miguel, filho do senhor Fuad.

Mais ainda, arranjou um procurador Miller para ser muito próximo dele.

Falaram: “isto é nome de alemão e foi Alemão que levou os bolos de palmatória”.

E aí o Miller deixou a Procuradoria e foi dar assistência aos traquinas da JBS que receberam “anistia geral e irrestrita” desde que se dispusessem a fazer a chamada “delação premiada”.

E que o Michel que já era Presidente Temer, fosse denunciado.

Foi uma batalha severa conseguir do Congresso negar a licença para processar o apedrejado do momento.

O PGR Janot ficou possesso:

“- Tenho flechas do bambual. Vou lançá-las e acertarei todas. Sou um grande arqueiro.”

Há sempre maledicentes dispostos a tudo.

Andam dizendo que foi mais para arranjar um jeito de tirar o precioso da reta que ele mandou que a JBS mandasse novas gravações para novas denúncias.

Com as novas gravações diz ter descoberto que o Miller, atual Alemão, quando ainda procurador, orientou os traquinas da JBS como obter a ampla e irrestrita.

Lamentou que o Inspetor Zuin já tenha morrido e os bolos de palmatória não serão dados nas mãos do traidor.

No dia 18 deste mês não mais será o aterrorizante PGR.

De novo as más línguas andam dizendo que palitos fabricados a partir do bambual darão a ele bons ganhos financeiros.

E aqueles mais apurados como integrantes da turma das más línguas, estão organizando as apostas de quem irá para "Lago Cócite|.

Se Rodriguinho pelo pecado da traição contra a própria “família”, se os denunciados Lula e Dilma ou se Miller pelo pecado da traição contra a pátria.

Ou se ambos, pois dizem que eles estão comprando pesados agasalhos, têm cautela contra o abismo gelado de Lúcifer.

Pior é andarem dizendo que eles compraram afiados talheres, pretendem se alimentar dos cérebros um do outro.


Arthur Lopes Filho