Urtigão, Urubus e Outras Notas

Na semana passada a Rede Globo deu uma notícia extra, recurso utilizado somente em casos extremos.

Razão da notícia, com seu prefixo característico: o Presidente Temer tinha sido levado para o Hospital do Exército em BSB, com problemas no aparelho urinário. Nada assustador. Doença de velho como ele e eu. Próstata grande e dificuldades de urinar. O nome do problema é conhecido como HPB- hiperplasia prostática benigna. Conheço bem o incômodo. Trato disso com medicamentos ha mais de dez anos.

Como se não bastasse, plantão com Renata Lo Prete, Valdo Cruz e outros menos cotados. Outros de plantão na Câmara dos Deputados, cobrindo a votação da última flecha bêbada do Janot.

No tocante ao incômodo urinário, a "urubuzada" ficou de cima, torcendo para algo pior. Esqueceram que o Presidente da República, como qualquer mortal, também urina. Arranjaram um "problema urológico", para um problema urinário. Simples assim.

Os médicos passaram uma sonda, coisa sem dificuldade. Qualquer auxiliar de enfermagem, consegue sondar uma bexiga sem maiores dificuldades. Basta estar com as mãos bem limpas e desinfetadas, para não infectar o paciente.

Com a sonda, vem o alivio. Bexiga cheia incomoda pra burro.


Os Urubus Continuam

Ha muito tempo sobre uma pesquisa feita com pessoas em uma multidão na calçada a observar um indivíduo no alto de um prédio, ameaçando se jogar lá de cima. Noventa e nove por cento dos entrevistados torciam para o indigitado pular na calçada. Quando desistiu, poucas palmas para os salvadores bombeiros e vaia no saltador arrependido. Frustou a multidão.

Tenho a impressão que o mesmo acontece com os jornalistas plantados na porta dos hospitais a espera de notícias do Presidente. Se já foi dito pelo urologista que o problema foi resolvido e pelo cardiologista que ele está bem, ressalvando sua condição de velho e de seus stress, nada mais a esperar. No entanto, ficam à espera do pior. Querem que o homem morra para serem os primeiros a noticiar. Num tempo no qual todo mundo é repórter e qualquer celular comprado no Shopping Oi é uma central de notícias, para que repórter? Perda de tempo.


Eleição de 2018

Prestem atenção nas pesquisas de opinião a respeito das próximas eleições. Todo fim de mês, quando os investidores da Bolsa precisam "realizar resultados, lucros", sai uma pesquisa de opinião: Lula na cabeça, seguido por Bolsonaro.

Puro fogo fátuo, efêmero tanto quanto o fenômeno comum nos cemitérios. Num país em que nunca sabemos como será o dia de amanhã, pesquisas com antecedência de um ano, nada dizem. Dizem para os "bolsistas”. Realizam os lucros, a bolsa cai em conseqüência do efeito manada e amanhã, subirá. Decorrência dos compradores em bloco. A imprensa noticia tudo, com uma avidez de abutre.

Quem tem a Rede Globo contra, nunca precisará de inimigos.


Na Mira da Mídia

O predomínio da língua inglesa nas notícias vindas de fora, tem feito os repórteres brasileiros cometerem grandes gafes, em nome da tradução ao pé da letra. Conhecimento frágil da Língua de Shakespeare e conhecimento nenhum do idioma de Camões. Dias atrás, ouvindo uma loura bonitinha, correspondente da Globo, a cobrir o atentado de Las Vegas, anotei uma pérola digna de ser transcrita.

Disse ela: "quando a polícia entrou no apartamento do indivíduo, ela já não estava em condições (sic) de realizar tiros".

Fui criado no interior e já atirei com armas de pequeno e grosso calibre. Nos anos cinquenta e sessenta. Atirar nas andanças na roça era comum. Nunca na minha vida, consegui "realizar um tiro".

Devido as restrições hoje existentes, nunca mais vou conseguir.


Urtigão (desde 1943)
Urtigão é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba em 1943.