O homem, a mulher e os argentinos foram as últimas criações. Notem bem: homem e mulher. Naquela época, casal era bem definido. Os argentinos, segundo informações que correm a "boca pequena" às margens do Rio da Prata, foram os últimos. Depois de fabricados o Criador jogou a forma fora.
Deus considerava a raça humana e os cavalos, como suas obras primas. O cavalo, de acordo com o Onipotente era o ser irracional mais bonito da face da terra. Tempos depois, foi procurado por uma turma de anjos brasileiros, questionando a beleza do cavalo. Punham defeitos, faziam reparos. Enfim, um animal passível de aperfeiçoamento.
Diz ainda a lenda que Deus tem uma paciência divina. Ouviu tudo com bonomia e ao final, delegou aos anjos tupiniquins a difícil tarefa de criar algo mais perfeito do que o cavalo. Devidamente nomeados e ato publicado no DOC - Diário Oficial do Céu .
De imediato, constitui-se um grupo de trabalho, com presidente, tesoureiro secretário geral e suplentes. De acordo com o orçamento definido pelo patrão eterno e levando-se em conta a magnitude da empreitada, resolveram criar a "Bichobras". Com conselho administrativo, consultivo e "otras cositas mas".
A história é longa e cheia de interregnos. Bem parecida com a Petrobras, Eletrobrás, Portobras e outras velhas conhecidas dos patrícios.
O orçamento inicial foi logo logo estourado. Fizeram aditivos a mais não poder e consumiram em reuniões, almoços e jantares, todos os prazos possíveis. A paciência divina se esgotou e foi definida, sem chances de prorrogação a data de apresentação da obra prima.
Na data marcada, com um belo "happy hour" é um power point" digno de Deltan Dalagnol, delegaram ao Onipresente a honra de descerrar as cortinas. Surpresa geral: no palco, com luzes e sonoplastia, veio ao mundo o camelo.
Obra de um grupo de trabalho constituído por anjos brasileiros.
Urtigão ( desde 1943)
Urtigão ( desde 1943)
Urtigão é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba em 1943.