
A história foi escrita depois que o certamente maior romancista brasileiro fez peregrinação pelo sertão mineiro anotando nomes, detalhes da região e histórias paralelas (as “veredas) para apresentar aquele que certamente é o grande monumento ficcional da literatura brasileira.
Depois de cada capítulo ficamos um pouco atordoados diante de tantas mudanças que ocorreram após aquela época em que se passa a história e o tempo atual.
Talvez o que impressiona tanto seja o sentimento de perda da imagem do sertão hoje totalmente devastado numa progressão geométrica e que, ao que parece, não terá fim.
Os avanços científicos e sociais surgiram e surgem em nome de um progresso civilizatório que se pode dizer incontrolável, resultando no chamado Homem moderno com seu insaciável impulso pelo prazer, pela realização plena de suas vontades e pela realização dos desejos de cada um.
É a tal marcha da História que não permite estabelecer um limite em relação à sua continuidade diante de uma superpopulação em que os métodos anticonceptivos não conseguem diminuir o seu rítmo e as necessidades humanas que não param de crescer.
As eras históricas são assim, com começo e fim, mas fica sempre na gente a vontade de voltar no tempo diante de uma realidade cada vez mais cruel.
Resta como compensação a lembrança do grande sertão e do grande Guimarães Rosa.
Mário Ribeiro