Urtigão: Os Smartphones e uma Dúvida Atroz.

Nos meus tempos de jovem solteiro boêmio, freqüentei "puteiros" de toda espécie. Desde os mais modestos no interior de Minas, aos mais afamados de Belo Horizonte e de São Paulo, onde também morei em épocas distintas .

Mulheres de todos os matizes, algumas fogosas e participantes e outras totalmente amorfas. Uma delas, na extinta "Mauá de Baixo", bateu um recorde. 


Enquanto eu, jovem cheio de testosterona cavalgava com fome de carne, a distinta companheira roía um biscoito de polvilho. Comeu um saco inteiro enquanto eu batalhava. Várias vezes lhe pedi que "prestasse atenção na foda". Inútil. A guloseima era mais atraente. Coisas de um tempo no qual homem era homem e mulher era mulher. O estilo na cama era papai e mamãe. Nada além.

Tais lembranças me levaram a elocubrar como deve ser uma "trepada" nos tempos atuais, no qual "cantar" uma fêmea é crime hediondo.

Fazer a corte nos dias de hoje é perigosíssimo. Depois da Revolução Sexual e de Woodstck e tempos de total liberalidade, "involuímos".

Se não é permitido "cantar", como fazer? Talvez, pelo smartphone, através de um aplicativo. Utiliza-se a ferramenta e, com sorte, leva-se a mulher pra cama.

Lá chegados, pelados, livres, soltos e fogosos, nada acontece. Cada qual, homem e mulher, devidamente municiados de um bom celular, ocupam-se de atender às redes sociais. A foda, elemento essencial, verdadeiro Olimpo da conquista com gemidos e orgasmo, não mais existe em sua forma milenar. Ocupados no smartphone, trocam carícias, gemidos e outros quetais pelo telefone. 

Saem do motel com elogios mútuos e promessas de novos encontros. Ambos suados, felizes e plenos de gozo, depois de uma excelente “trepada" virtual!


Urtigão (desde 1943)
Urtigão é pseudonimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaca/MG, em 1943.