Sol com Chuva - Crônica “Estado de Minas” - 08/03/2018 - Mário Ribeiro

Como em uma canção antiga, chove lá fora. E parece que sempre foi assim no verão, ao final da tarde.

Vem à lembrança quando na roça e nosso pai Joãozito clamava aos céus contra a seca que prejudicava a lavoura.

Quando a chuva chegava, ele demonstrava alegria ao gritar aos céus: - “Manda água mãe de Deus!!!”

Nossa mãe Maria, muito religiosa, tinha medo dos raios, cobria os olhos com uma mão, pegava o terço com a outra e rezava enquanto o temporal desabava pelo sítio afora.

Era a salvação da lavoura.

Atualmente, a chuva também cai à tarde com bastante estardalhaço de raios e trovões e todos agradecem o temporal com o sol aparecendo entre as núvens, o que antes as pessoas diziam:

- Sol com chuva, casamento da viúva.

Não dá para entender o que tem a ver chuva com viúva a não ser recurso para fazer rima.

Outra lembrança é que na época de chuva os homens usavam um negócio chamado galocha de borracha sobre os sapatos masculinos e que os impedia de ficar encharcados.

Talvez fosse algo tão ridículo que acabou surgindo a expressão “chato de galocha” para se referir a uma pessoa inconveniente e realmente chata.

Isto pode até ter estimulado o escritor Guilherme Figueiredo a escrever um livro de muito sucesso com o título “Tratado Geral dos Chatos”.

Ninguém mais usa galocha nem se incomoda com a chuva mas cada vez fica mais irritante a gente se encontrar com um chato. De galocha ou não.



Mário Ribeiro