Vem à lembrança quando na roça e nosso pai Joãozito clamava aos céus contra a seca que prejudicava a lavoura.
Quando a chuva chegava, ele demonstrava alegria ao gritar aos céus: - “Manda água mãe de Deus!!!”
Nossa mãe Maria, muito religiosa, tinha medo dos raios, cobria os olhos com uma mão, pegava o terço com a outra e rezava enquanto o temporal desabava pelo sítio afora.
Era a salvação da lavoura.
Atualmente, a chuva também cai à tarde com bastante estardalhaço de raios e trovões e todos agradecem o temporal com o sol aparecendo entre as núvens, o que antes as pessoas diziam:
- Sol com chuva, casamento da viúva.
Não dá para entender o que tem a ver chuva com viúva a não ser recurso para fazer rima.
Outra lembrança é que na época de chuva os homens usavam um negócio chamado galocha de borracha sobre os sapatos masculinos e que os impedia de ficar encharcados.
Talvez fosse algo tão ridículo que acabou surgindo a expressão “chato de galocha” para se referir a uma pessoa inconveniente e realmente chata.
Isto pode até ter estimulado o escritor Guilherme Figueiredo a escrever um livro de muito sucesso com o título “Tratado Geral dos Chatos”.
Ninguém mais usa galocha nem se incomoda com a chuva mas cada vez fica mais irritante a gente se encontrar com um chato. De galocha ou não.
Mário Ribeiro