Neste fim de semana foi eleita a melhor professora do mundo. Uma britânica, de nome Andrea Zafirakou fez jús ao "Global Teacher Prize", um prêmio anual que galardeia com um milhão de dólares, o professor escolhido pelo corpo de jurados.
Eram dez finalistas e entre eles, um brasileiro de São José do Rio Preto de nome Diego Mafhouz. Não foi o escolhido mas não deixa de ser louvado. Estar entre os dez melhores é um feito e tanto. https://youtu.be/Wy-lId6nhbM
Dias atrás vi em um canal de televisão aberta, uma reportagem a respeito do sucateamento das escolas públicas.
A reportagem não abordou o sucateamento do ensino. Estou falando e a televisão mostrou o estado de abandono em que se encontram os prédios escolares pertencentes ao poder público estadual.
Abro espaço para o Instituto de Educação do Estado de Minas Gerais. O venerando edifício de estilo neoclássico está todo pichado, com janelas fora dos caixilhos, portas arrombadas e plantas nascendo no frontispício da construção. Puro desleixo!!!
Desleixo dos administradores da coisa pública, a começar pelo próprio governador. Desleixo do Secretário de Estado da Educação, do Secretário de Obras, dos diretores e professores do educandário e dos alunos que frequentam o Instituto de Educação.
Sou de um tempo no qual as escolas, as igrejas e os cemitérios eram olhados com todo respeito. Respeito quase sagrado que os livrava de vândalos de qualquer espécie.
Os edifícios de escolas públicas eram preservados com carinho. Em praticamente todo o Estado de Minas Gerais encontramos exemplares de grupos escolares, quase todos de uma mesma época, em estilo neoclássico, que nos remetem à primeira metade do século vinte.
Eram espaços públicos que mereciam todo o cuidado da população. Nada de pichações (um mal criado pela falta de educação e civilidade), banheiros limpos e preservados. Salas de aula permanentemente arrumadas, num tempo no qual alunos e professores, pobres, remediados ou ricos, eram iguais na escola e tinham toda consciência de se apresentarem para as aulas sempre limpos, de cabelo aparado, unhas cortadas, cadernos e livros (muito poucos) bem conservados, encapados e bem guardados .
Tínhamos plena consciência da hierarquia. Professores eram obedecidos, diretores então, nunca contraditados.
Uma reprimenda fazia aflorar o "fogo no rosto". Época em que vergonha na cara falava bem alto.
Há tempos vimos perdendo as noções de hierarquia e o respeito pelos bens públicos, o senso comum de civilidade e princípios elementares de boa educação. Perda que se reflete nos prédios escolares e no estado de abandono em que se encontram. Vivemos numa época de muitos direitos e pouquíssimos deveres. Muitos protestos e pouco respeito. Comecemos pela escolas públicas, do elementar às faculdades. Se não lutarmos pela preservação das mesmas, não haverá no Brasil uma melhoria na Educação. Não existe salário, biblioteca, espaço de lazer, laboratórios, livros didáticos e aparatos de suporte capazes de trazer melhoria em locais de ensino nos quais as instalações não são zeladas e cuidadas.
Urtigão ( desde 1943)
Urtigão é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba/MG, em 1943.