O tempo passa, o tempo voa e não há como acompanhar sua progressão rumo ao infinito.
Ele nos engana dia após dia como dono de toda verdade e de todo poder.
O tempo é implacável nas lições que deixa a cada instante para quem não o quer ou não consegue segui-lo em sua passagem.
E vamos em frente em nossas obsessões por conquistas materiais ou alimentados por sonhos distantes que confundem amor com ódio, gratidão com inveja, verdades com mentiras.
Até que chega o momento da hora da verdade, aquela em que o toureiro se prepara para enfrentar o touro frente a frente.
Se errar o golpe de sua espada contra o touro será morto pelos afiados chifres do animal.
Pobres toureiros somos aqueles que não temos habilidade total para o ofício de viver e que estamos sempre sob risco constante dos chifres do touro.
Entretanto, mesmo atropelados nessa peleja, temos o poder inato de encontrar saídas, algumas espetaculares, para continuar na batalha.
Neste momento, por exemplo, vivemos a glória de estarmos vivos para assistir avanços nunca antes imagináveis em todos os setores da atividade humana e conquistas tecnológicas e sociais.
É bom pensar assim, mas de repente, percorrendo as ruas da cidade torna-se importante olhar para as favelas que crescem a cada dia num retrato amargo de uma realidade cruel e que parece não haver como resgatar qualidade de vida decente para os habitantes daqueles locais.
Para complicar, desviamos nosso olhar como se aquilo não fizesse parte de nosso mundo.
Mas sabemos que faz parte, sim.
Mário Ribeiro