Dias atrás fui até a sede da FHEMIG - Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais para encontrar-me com um médico meu amigo. Depois de ter passado pelo crivo da portaria, recebi um crachá e entrei no pavimento reservado aos funcionários de alto e médio escalão .
Enquanto esperava, puz-me a perambular pelos corredores, bem à vontade, sem interpelações ou questionamentos. Serviço público é assim. Depois de ganhar um crachá, somos deixados ao nosso bel prazer. Afinal, é público.
Primeiro me entreti olhando a galeria de fotos de ex-presidentes. Repartições sem tal galeria, carecem de classe. A galeria dá altivez e orgulho. Somente para os retratados.
Pude ver retratos de vários conhecidos. Lá estavam os médicos José Luiz Vercosa, o saudoso Elmo Perez dos Santos, José do Carmo Fonseca e João Batista Magro Filho. Todos eles, velhos conhecidos da Associação de Hospitais e de eventos variados.
Quando eu frequentava o edifício, lembro-me bem. Eram três ou quatro Superintendências, além do Presidente. Pessoal suficiente para tocar a instituição, velha conhecida dos veículos de comunicação e do noticiário.
Foi da lembrança das citadas repartições que me embasbaquei com o número de salas com plaquetas, a ostentar cargos vistosos e na maioria inúteis, mera superposição de misteres e tarefas a engordar o quadro de dirigentes.
O espanto foi tamanho que resolvi anotar as plaquetas de cada sala. Abaixo eu as relaciono:
Presidência, Diretoria de Gestão e Finanças; Assessoria da Presidência, Consultoria Permanente de Licitação, Comparativo (Preços), Serviço Pessoal nas Carreiras (sic), Observatório de Custos (sic), Comitê de Ética em Pesquisa, Diretoria de Projetos Estratégicos, Serviço de Controle de Pagamentos, Gerência de Engenharia Hospitalar, Ouvidoria do SUS, Serviço do Patrimônio, Serviço de Avaliação e Regulação, Diretoria de Gestão de Pessoal, Assessoria de Apoio Diagnóstico Terapêutico, Assessoria de Comunicação Social, Coordenação de Cargo de Carreira e Competência (sic), Serviço de Controle e Convênios, Comissão Geral de Proteção Clínica, Assessoria Técnica, Gerência de Ensino e Pesquisa, Gerência de Planejamento e Desenvolvimento de Pessoas, Unidade Seccional de Controle Interno, Arquivo de Logística, Serviço de Planejamento e Execução Orçamentária, Gerencia de Segurança e Saúde do Trabalhador, Arquivo de Pastas e Sala de Reuniões.
Com tantas diretorias, gerências e assemelhados, ao que me parece, seriam capazes de botar em funcionamento qualquer empresa privada de grande porte. No entanto, a Fundação tem ao seu encargo a administração de alguns hospitais na Capital e no interior.
De todos, o que merece menção e méritos, somente o HPS - Hospital João XXIII.
Os demais, já não tem muita importância na assistência médica-hospitalar do Estado.
Dessa forma, botando "cabides" e abrigando os amigos em cargos pomposos e desnecessários funciona o serviço público no Brasil.
Um espanto!!!!
Quanto ao amigo que fui procurar, não estava. Era horário de seu trabalho mas tinha se ausentado rapidamente.
Desisti, deixei um recado e fui apanhar o carro no estacionamento.
Uma Nota:
O país da piada pronta continua impávido. Observei a saída dos filhos do Lula na visita ao pai na cadeia em Curitiba. Um deles carregava um sacola de papel, na qual se lia claramente "Saia Justa". Mais direto, impossível.
Urtigão (desde 1943)
Urtigão é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba/MG, em 1943