Vendaval - Crônica "Jornal Estado de Minas"- 01/06/2018 - Mário Ribeiro

Dinheiro na mão é vendaval, como constata Paulinho da Viola em um de seus sambas. Não só dinheiro mas muita coisa vira vendaval de uma hora para outra: amor mal resolvido, por exemplo. 

Traição pode virar questão polícial com facada e tiro para todos os lados. E “caso” quase sempre acaba em confusão – ou em vendaval.

Vendaval é prenúncio de tempestade que arrasta tudo: casas, carros, gente, o diabo a quatro, derruba postes de luz, gera escuridão, se há uma janela aberta avança casa adentro, tira do lugar as panelas, os quadros nas paredes, lembranças de uma vida inteira.

Esse frio pré-inverno parece que chega para tentar acabar com a história de “um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”.

Mais que isto: trouxe confusão com caminhões em revolta contra o aumento do preço de combustíveis, desabastecimento em supermercados, hospitais, padarias, farmácias.

Fez parar o trânsito enquanto o carro se multiplica em milhões à cata de gasolina e álcool ou o que faça o veículo rodar pois o mundo não pode parar.

Aliás, vive-se um momento em que o mundo parece que vai virar de cabeça pra baixo – e, se bobear, vira mesmo.

Bom mesmo era o cavalo: bastava apanhá-lo no pasto, dispor de um arreio, montar e ir para onde fosse preciso.

Automóveis, caminhões, pressa e gente demais neste mundo, sem falar nos interesses escusos, provocam confusão.

Mas confusão como a que apareceu não deixa de ter uma vantagem: andar a pé faz bem para a saúde. 

Só não acaba com interesses escusos.

Mário Ribeiro