"Muitos problemas pertinentes à organização nacional, ficaram intactos ou parcialmente resolvidos de modo incompleto. Administrativa e financeiramente reatamos a tradição do Império.
A nova distribuição de rendas, resultante da descentralização, foi péssima, refletindo-se desastradamente na vida dos Estados e municípios.
Proveio dai, em grande parte, o estabelecimento das oligarquias locais, tornadas endêmicas e voltadas para o centro, como nos tempos da monarquia, e a ele pedindo ordens e mendigando favores.
Criou-se, desse estado de coisas, uma casta governamental instalada no poder, com o privilégio de aproveitar e distribuir os seus proventos.
Os orçamentos, de pura estimativa, transformaram- se numa liquidação de ajustes, estourando a pressão das despesas não catalogadas e dos créditos extraordinários. Adotou-se como norma regular de administração, o expediente de passar de um exercício para outros avultados "déficits" e de contrair empréstimos para solvê-los, enfraquecendo o crédito do país, sobrecarregando de ônus as gerações futuras e agravando, contra nós, o desequilíbrio do balanço de pagamentos"
O trecho acima transcrito foi retirado de uma mensagem do Presidente Getulio Vargas enviada ao Congresso Nacional, juntamente com um anteprojeto de Constituição a ser trabalhado pela Assembléia Nacional Constituinte encarregada de formular a Nova Constituição do País, em 1934.
A mensagem de Vargas, enfeixado em um volume de trezentas e cinco páginas, traça um amplo panorama do Brasil, desde o Império até a Revolução de Trinta.
Infelizmente, em todos os tópicos do documento, é possível perceber que nada mudou até os dias atuais, passados oitenta e cinco anos.
Conferi todo o documento: um retrato fiel dos dias atuais, sem photoshop.
O livro, editado pela Livraria José Olympio, faz parte de uma série intitulada de "Coleção de Documentos Brasileiros".
A quem interessar possa...
Urtigão (desde 1943)
Urtigão é pseudonimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba/MG, em 1943.