As jardineiras de antigamente tinham um bagageiro no teto, facilmente acessível por uma escada. Ainda pode ser visto em um programa de televisão na TV Minas.
Os bagageiros dos ônibus atuais são imensos. Ficam debaixo do assoalho do veículo. Mais carinho com as malas e menos trabalho para os tripulantes dos coletivos.
Digressão feita, trataremos das "malas". Malas no sentido figurado, sinônimo de gente chata, que não se percebe amolante e entra na casa da gente via televisão e aporrinha até a paciência dos santos de gravura e de oratório.
Não sou de muito assistir TV. Ontem, acometido de uma brutal dor na coluna cervical, impedido de fazer uma boa leitura, ajeitei-me no sofá gordo e liguei a máquina de fazer doido.
Estava na Globonews e por lá ficou. Prometiam divulgar pesquisas, as últimas, sobre as eleições.
O circo estava armado. Eraldo Pereira atuando como mestre de cerimônia do picadeiro. Ainda terei o prazer de vê-lo utilizar um "respeitável público".
A promoção que o levou para o Jornal das Dez, subiu-lhe a cabeça. É teatral, grandiloquente, cheio de mesuras e bordões. Acima de tudo, "uma mala sem alça" .
Ao seu redor, Natuza Nery, inteligente, bem posta e comedida. Infelizmente, atropelada por colegas de pouca educação, que não sabem esperar hora e vez de falarem.
Gérson Camarotti, futuro bispo auxiliar de Olinda e Recife, é bem educado. Parece-me que frequentou escolas dirigidas por padres. Sua figura não ajuda muito. Tem um bigode "a la Cantinflas", saudoso humorista mexicano.
Andrea Sadi, que teimam em chamar somente de Sadi, é uma mulher muito bonita. Educada, com boa postura. No meu sentir, exploram muito a bela senhora. O dia inteiro está na telinha. Alegra a vista mas, já beira o exagero.
Cristiana Lôbo é veterana. Dentição irregular, o que interfere na sua fala. Dizem que é petista.
Merval Pereira é um homem elegante e fino de trato. Sua dicção não é boa. Quando fala é sempre interrompido por algum colega. Os seus raciocínios são sempre inconclusos. Culpa dos outros.
Há tempos a emissora contratou um certo Valdo Cruz, egresso da Folha de São Paulo. O dito senhor é um chato de galochas. Fala demais, não tem educação para debates, interrompe os colegas de roda o tempo todo. Só não interrompe o chefe do picadeiro. Sem personalidade, muda o penteado e agora deixou crescer um cavanhaque. Certamente é um simpatizante do PT. Dizem que é mineiro de Belo Horizonte. Mala sem alça, capaz de "dar chulé em pé de mesa".
Eu e as minhas dores esperavamos pacientemente a divulgação das pesquisas. O mestre do picadeiro, ia e voltava nas análises de fatos pretéritos, cozinhando a audiência, cevando os assinantes.
Eis que de repente, depois de um intervalo, surge no lugar de Natuza Nery, Mirian Leitão. De cabelos vermelhos, parecendo usar uma peruca de Kanekalon. Já entrou nas falas com sutileza de um elefante numa loja de porcelana.
Atropelou Eraldo Pereira, Merval Pereira e Andréa Sadi. Feiura não é pecado, mas incomoda. Falar muito e não ter educação numa roda de conversa incomoda muito mais. A conterrânea de Ziraldo (outra máquina de falar) com sua cabeça de canarinho da terra, fez-me desligar a televisão.
Minha mulher disse-me que só divulgaram as prometidas pesquisas às nove e meia da noite, coincidindo com o Jornal Nacional da TV aberta. Um desrespeito com o assinante que paga pela emissão. Enfim, é tudo dos Marinho e o público que se lixe.
Em tempo: depois agregaram via satélite os especialistas de pesquisa do Ibope e do DataFolha .
Ahh eu ia me esquecendo: o bagageiro é para alojar os "malas". Especialistas em acabar de estragar uma tarde de sábado.
Urtigão (desde 1943)
Urtigão é pseudonimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba/MG, em 1943