Aliás, volta e meia ele dizia que tinha pouco tempo pela frente diante dos seus problemas cardíacos.
Mas seguia em frente como se houvesse sempre um amanhã.
Enquanto pode continuou na batalha.
Escreveu e editou um livro sobre sua mãe, para ele uma mulher fundamental como professora durante quase a vida inteira.
Adorava o sítio onde morava; era seu recanto em meio a árvores e hortas, de onde retirava molhos de couve para nos oferecer.
Criou para si próprio o apelido de Urtigão, antigo personagem ranzinza de histórias em quadrinhos.
Tão realista ele era que, pela manhã desta segunda-feira, 12 de novembro de 2018, avisou à Leila, sua mulher, que estava morrendo.
E morreu logo em seguida. Eram suas últimas palavras.
Em suas participações ao “Blog do Mário” misturava o azedume que era próprio do personagem Urtigão e uma memória impressionante sobre os fatos políticos e econômicos do país.
Sempre com lucidez discecava em seus textos todas as mazelas do país mas que sempre terminavam com seu humor ácido que lhe consagrou.
Chego a pensar que o “Blog do Mário” teria morrido se não fosse sua participação.
José Silvério era seu nome verdadeiro mas com a alma do Urtigão. Até breve, grande amigo.
Mário Ribeiro