(Otto Lara Resende)
A orquestra iniciava o baile quando seu dirigente, utilizando dois pedaços de madeira bem cortados, polidos e envernizados, fazia o toque-toque de um no outro. A bem da verdade o dirigente somente sabia fazer o toque-toque e gritar, junto com outros músicos, o RRU característico do Mambo. Era ele o dono da orquestra e não o dono da música. E todos se davam por satisfeitos.
Começado o baile os dançarinos disputavam quem melhor sabia dançar. As parceiras eram fundamentais nos volteios, qualquer erro seria fatal. Como indiscutível que os melhores eram Aélcio, conhecido como Zulim, Adamastor, conhecido como Astor e Genaro, conhecido como Guaguá, no início somente eles davam suas exibições. Mas Zulim que era o grande mestre, somente dava 3 a 4 voltas e saía aplaudido. Ficava a disputa por conta de Astor e Guaguá.
No tango Sanito Boca-Mole era melhor que os dois, mas isso num tempo antes de quando no abaixa-levanta com o som de um violino, em exibição solo do casal, ele peidou alto, acabou a magia e nunca mais puderam se exibir. Astor e Guaguá não ficaram soberanos por haver Zulim acima deles, mas se tornaram príncipes do salão. Os casais ainda que aflitos para dançar, esperavam a exibição por algum tempo. Zeferino-chuta-pé, apelido dado por estar sempre a pisar no pé da dama, era o primeiro a chamar uma coitada para a dança e sair chutando pelo salão.
No tango Sanito Boca-Mole era melhor que os dois, mas isso num tempo antes de quando no abaixa-levanta com o som de um violino, em exibição solo do casal, ele peidou alto, acabou a magia e nunca mais puderam se exibir. Astor e Guaguá não ficaram soberanos por haver Zulim acima deles, mas se tornaram príncipes do salão. Os casais ainda que aflitos para dançar, esperavam a exibição por algum tempo. Zeferino-chuta-pé, apelido dado por estar sempre a pisar no pé da dama, era o primeiro a chamar uma coitada para a dança e sair chutando pelo salão.
Zeca-assovio-de-gaita acompanhava a orquestra assoviando no ouvido da dama, para não errar o passe da dança. Tonico-dona-onça somente dançava de cara fechada, não dava um sorriso, diziam as más línguas que ele não sabia fazer ao mesmo tempo as duas coisas, sorrir e dançar. Mas havia, não exibidos como Astor ou Guaguá, outros bons dançarinos. Kaiser que volteava leve com sua dama preferida, mas devia atender às ansiosas muitas que esperavam por seu convite. Dalberto-de-sô-Chico que dançava bem, mas melhor sabia fazer sua dama sempre sorrir. Centim-pianista que era imbatível numa rumba com sua parceira. Delisson e Biluca que dançavam como se estivessem namorando e estavam. Mas havia também os “chotões” como eu, o Nonoca e o Canhoto, que traziam tristeza para as escolhidas que eram sacudidas como se fossem culpadas de nossa falta de ritmo. Ainda assim tudo era alegre e descontraído, sinto saudades daquela Pirapora.
Arthur Lopes Filho