Tomba Não Galo, a Maré Está Virando - Correspondente Internacional

Na quarta-feira assistimos a final do Campeonato Mineiro 2020. Jogos que deveriam acontecer em Abril. 

Neste meio tempo o Coronga apareceu, trocamos de técnico e diretor de futebol. Contratamos um titanic de jogadores que nosso Papai Noel Menin ajudou.


No Galo é assim. O normal é não ser normal. 


Quando a vaca já estava indo para o Brejo um milagre. Um gol do Léo Silva aparece. Aquela corrida do Sérgio Araújo pela direita. Marques driblando até a sombra do zagueiro. Salvando nosso dia. Nosso amor.


Com muitas novidades entramos em campo. Ninguém nas arquibancadas. Coronga tirou os torcedores, mas não conseguiu eliminar narradores e comentaristas chatos. Contra essa praga do Egito nem bomba atômica.


Nosso esquema de jogo pronto. O milagroso SãoPaoli apostaria no ataque contra a retranca Tombense. Para o alto e avante. SãoPaoli então escolher a formação 1-1-9. Antigamente chamada de bumba-meu-boi. Hoje, com o politicamente correto, boi não deve poder bumbar.  


23 minutos de jogo a retranca não abria. Percebendo, SãoPaoli tirou Rafael do gol e o colocou de libero. Mudamos então para 0-2-9. Rafael de libero lançando para o Rever na área.


No ataque nossa esperança de gols. Nosso ponta esquerda e direito ultra avançado. Keno. Eu sempre desatualizado não conhecia o artilheiro. No intervalo, olhei para minha planilha excel com estatísticas do jogo. Keno como destaque. 21 passes errados, 12 bolas perdidas e 8 dominadas na canela... Com números impressionantes liguei imediatamente para meu guru e amigo Betão. Todo jogo falamos. Betão, de onde tão gigante contratação apareceu?


A resposta veio rápida: do Egito... time das Pirâmides. Então tá bão, pensei. Deve ter sido comprado a preço de ouro.


Keno é nosso faraó egípcio. O libertador das retrancas. Nosso Ramesses II.


Enquanto Keno “the second” esteve em campo só me vez raiva. Meu cãopanheiro Elvis até saiu de perto depois de mais um “Faraó FDP. Passa a bola desgraçado!”


O Faraó que brigou com seu irmão adotivo Noises, casou com a rainha Nefertari - dizem que era a mais linda do vale dos reis. Keno “King of Kings” do Galo jogou feio por 96 mim e 40 segundos. 


O mar vermelho da Tombense já estava se fechando sobre a multidão de devotos do Galo… 


Foi quando a barca começou a virar. O juiz deixou de apitar aos 52 do 2o tempo. A bola bateu na perna de um, na cabeça de outro e voltou para o craque da base Marquinhos. Mesmo assim, o Juiz segurou o ar. Torcia por nos. Desta vez Marquinhos, nosso ponta esquerda destro, olhou para a direita. Lá, na intermediária, livre, estava o Faraó Keno. Na altura do campeonato o narrador já gritava “Vai acabar”. Eu de pé na sala… já era quase meia noite. Passa!!!


Keno Ramesses II tranquilo isolado. Calmo como só os faraós sabem ficar. King Keno Ramesses II recebeu a bola. Ela olhou para ele e gritou. “me chuta...!”. Keno, soberano, uma esfinge de tranquilidade e sabedoria, ainda olhou para o goleiro e sim, decidiu chutar. 


Quem falou que o tempo não para Cazuza? Para o Galo, tudo Pode acontecer. O tempo parou. Os segundos no relógio do Juiz não andavam. Keno fechou os dois zóios, bateu com vontade. O bola tinha destino certo. As mãos do goleiro.


Foi neste momento que a barca tombou, virou. O zagueiro do Tombense Matheus Lopez “Moisés” escorrega de carrinho. A bola bate em seu joelho e passa por cima do goleiro. 


Sim, a história estava escrita. "Moises" que já tinha libertado os judeus do Egito, agora ajudava o Galo a virar mais um jogo.


Keno Ramesses II King of kings foi pra “galera” tirando a camisa louco gritando “liberdade aos escravos alvi-negros!”. A internet foi a loucura. 


As namoradas de todo o mundo com os corações pulando. Sim. O Galo ganhou. O Galo é o time do amor. A noite, o dia, a semana só teria amor.


E agora, já pra lá da meia noite, o atleticano cansado,  que continua escravo do Brasileirão, ficou um pouco mais confiante que nossa redenção é possível. 


Antes de ir descansar. Se preparar para mais um dia levantando pedras para mais uma pirâmide, não resistiu, e sem medo, também pode comemorar, com o canto da boca, o gol do CRB...


Correspondente Internacional


Fato relevante do jogo:


Guga, nosso lateral, meia e enólogo, apareceu no gramado do mineirão com um arco no cabelo. Design interessante. Não reparei se era arco + coque... Deus nos ajude que não! Como tudo nos dias de hoje...deve ter comprado na Amazon. Apesar do artefato para melhorar sua aerodinâmica, seus passes continuam ruins. Me lembram os Correios do Brasil em greve. Guga também parece em greve. Não de cartas, mas de passes, estes ou não chegam ou acabam em um endereço errado. Se tirasse o maldito arco, aposto que nunca mais erraria um passe. Vale a dica.