Nosso ano começou no início de Agosto. Em um jogo memorável vencemos o Flamengo campeão de 2019 dentro do Maracanã.
A imprensa sem saber o que tinha acontecido, assistiu um Galo renovado. Com organização e muita vontade. Parecia que a fila de 50 anos iria acabar.
Com a vitória sobre o Flamengo a Mineirada vestida de preto e branco entrou no jogo. Ouvimos os especialistas: Só temos o brasileiro. Teremos tempo para treinar. Dinheiro para contratar. Estratégia em cada jogo. E quem sabe a sorte ao lado.
Se queríamos ganhar? Ohhh… como queríamos. Promessas foram feitas. Grupos de conversa via celular registrados. Agenda bloqueada antes e depois de cada partida. As namoradas do Galo apoiando. Contratos de liberação para ver todos os jogos assinados. Na clausula principal. Loucas e loucos pelo Galo têm o direito de só pensar no time nas duas horas antes e depois de cada batalha.
Dependentes e viciados pela paixão, o Galo nos fez esquecer um pouco desta pandemia terrível que não quer acabar de jeito nenhum.
Amigos, familiares e conhecidos encheram os peitos de coragem. Respiramos fundo a esperança que inundava nossos corações e que nos salvou da solidão, depressão e doenças sexualmente trasmissíveis durante a batalha de 90 minutos. A resenha durante e após cada jogo ficou cada vez melhor.
O grande advogado e businessman de sucesso Milton, além de primo querido, foi o centro das notícias no Grupo Galo Campeão. Com audios e frases hilárias, ditava o ritmo das conversas. Rimos muito nas vitórias e sofremos como sempre nas derrotas. Ele sabe como ninguém descrever nossas características humanas mais latentes em uma simples frases. Seja durante uma piada ou ironia ele nos desnuda sem medo. Muitas destas frases viram bordões inesquecíveis. Fazendo a turma rir e ficar mais forte.
“Você é uma flor de obsessão…” manda ele mais uma vez para mim. Basta eu xingar a teimosia do SaoPaoli ou nosso lateral “direito” (aquele que seu nome nunca mais será pronunciado) com seu arco na cabeça que vem a frase…
Sim, obsessão total.
Com essa toada conseguimos contaminar de alegria, irreverência e perseverança o mundo a nossa volta. Com a ajuda do Galo as conversas antes e depois dos dias dias de jogos traziam uma certa felicidade, emoção e aproximação. Renovamos amizades. Encontramos novas aventuras. Sempre falando do Galo. Choramos juntos. Vibramos longe e perto. Nas vitórias subimos ao céu. Nas derrotas também. Amor incondicional. Mesmo com o Savarino errando o carrinho mais importante do ano ou vendo o Alan entregando a rapadura em mais um passe para traz.
Vivemos de Galo. Vivemos da magia. Teremos para sempre essa dependência positiva. Uma droga que nos faz ser uma pessoa melhor. Mais leve. Menos sérios. Mais ativos. Menos fechados. Mais sorridentes.
O ano virou. 2021 apareceu com o Galo líder do campeonato. Mas parece que nosso técnico maníaco suicida compulsivo perdeu o controle do time aos poucos. A frase que vovó diz é verdadeira. Quanto mais se aperta, mais escorre entre os dedos.
SaoPaoli que parecia ter em seu destino ganhar o campeonato sem torcida nos estádios. Com o tempo virou o centro de todas as atenções. Seja correndo atrás de um gandula ou gritando em espanhol como o juiz que só entendia "caraleo". Tomou muitos cartões desnecessariamente. Nunca respondia as perguntas. Com porquê usar três zagueiros contra o pior ataque do campeonato. Tudo bem, enquanto o time está ganhando, você até pode ser um ditador. Mas cuidado SaoPaoli, quando você pega covid em uma festa desnecessária a coisa pode complicadar para seu lado. Comandar pelo exemplo é a mais digna característica de um grande líder.
Mas nos te perdoamos SaoPaoli. Você que não soube jogar com inteligência. Perdeu o titulo em contra-ataques que poderiam ter sido neutralizados. Com isso não vai se apaixonar. Sem a chance de comandar o time ao lado da torcida mais fanática do mundo deixará de saber amar.
Não enlouquecerá de verdade comandando os jogadores no campeonato que vamos ganhar em nosso futuro estádio na California. Só esperamos que não termine com sua carreira lá na França. Falar espanhol na França nunca foi muito bom. Lembro do caso do Rei de Castile Alphonso X - O Sábio. Em sua obsessão em tentar virar o Imperador do Império Romano Católico nos idos de 1260, quase perdeu sua vida e seu império gastando seu dinehro e espanhol, negociando com o Papa Gregorio X no Sul da França.
Poderíamos ter ganhado. Claro. Mas para quem estava afogando em Afogados… terminamos até bem o campeonato. Tudo sempre pode piorar. Por exemplo, tem time "gigante" repetindo o ano na Série B.
Nosso obsessivo bicampeonato irá chegar em breve. Além disso temos novos ídolos emergindo. Keno “The Second” nosso Faraó está mais forte do que nunca. Agora com seu cotovelo robótico ninguém o segura. Alonso tem condição de assumir o posto de Xerife da defesa. E vemos boas perspectivas garotos da base chegando. E não podemos esquecer que o Hulk chegou. De jatinho. Para ficar louco e quebrar todos os goleiros pela frente.
Nestes dois últimos jogos precisamos terminar jogando como começamos. Com amor total. Com raça e vontade. A vacina vai ganhar força. Em breve voltaremos aos estádios. Gritaremos Galo a pleno pulmões lavando a alma em mais um ano emocionante.
A final, todo ano é ano do Galo.
Correspondente Internacional