Definitivamente, as atendentes do posto de saúde Andradas, perto da minha casa, não gostam de mim, mesmo sem saber que sou uma pessoa muito chata.
Elas me ignoraram nas duas vezes em que fui tomar a segunda dose da Coronavac. Porém na primeira, quando enfrentei fila, não fiquei invisível e deu tudo certo, até agradeci a elas.
Hoje, terça-feira, ao chegar no posto, perguntei ao funcionário se estavam vacinando, pois não havia movimento por lá. Falou que sim e que me dirigisse à porta do consultório, onde fiquei sem ser notada por duas mocinhas com as suas becas brancas, iguais as que Vital Brazil e Carlos Chagas usaram em suas pesquisas para salvar vidas.
Enfim, depois de breve espera na porta, uma atendente me viu (ufa!) e me chamou para o talvez impossível ato de vacinar por aqui. Perguntou a minha idade. Com um certo constrangimento - não é agradável no mundo de hoje em que velho só serve como massa de manobra -, abaixei o tom da voz e disse: 74.
Resposta: estamos vacinando apenas quem tem 75 e 76 anos. Perguntei, então, quando a setentona e quatro poderá tomar a sua segunda dose (talvez quando encerrarem a vacinação, só pode ser). Pensativa, ela disse que no próximo sábado.
Idiotamente (às vezes, me falta também argumento), não expliquei que, no sábado passado, disseram para eu ir na segunda-feira próxima, que foi ontem, dia 12, quando não pude; daí ter ido hoje, terça.
Como não aguentava mais o jogo de empurra, com toda humildade que o momento exigia, pedi licença para perguntar a ela já explicando: moça, você não acha que, com o posto completamente vazio, não seria melhor eu me vacinar hoje do que numa possível aglomeração de sábado vindouro (!)? O possível foi apenas para abrir a cabeça dela, já que a procura e consequente ritmo anda lento por lá, de pessoas a serem vacinadas e de miolos das pessoas que vacinam.
Observação: penso que sou caso raro; não deve existir mais gente com 74 anos, razão pela qual estou sendo rejeitada.
A atendente, então, lascou o seu argumento final: é que pode faltar vacina hoje para os de 75 e 76 anos, que eram gatos pintados, ou melhor, eram só dois pretendentes depois do que viesse a ser a minha vez. Então, como diria o meu poeta Vininha, dei os trâmites por findos.
PS - espero que, sábado, 17-abril-2021, possa ser o dia da aleluia. Amém!
Leila Mara