No Calor do Verão - Correspondente Internacional

Dias maravilhosos os últimos de 2023.

Entre 29 de Dezembro e 1o de Janeiro, a alegria tomou conta da população.

Recebemos via celular, ao vivo, na TV, no posto de gasolina, centenas de boas festas e bom ano novo.

A alegria estava contagiante. A festa de final de ano do prédio vizinho por exemplo, durou apenas 9 horas. 

Por volta de 3 da manhã, um educado vizinho, ligeiramente alcoolizado, abriu a janela do seu flat de 1 quarto e gritou pela janela:

- Este será o melhor ano da minha vida!
- Eu amo todos vocês!

Subiu a música, saiu da janela e a festa só terminou 2 horas depois.

Na semana após o ano novo, quem também subiu foi a temperatura. Um sol para cada pessoa. O calor que deu sinal em dezembro, disparou em Janeiro.

Ventiladores, Ar-condicionado, baldes, chuveiros, piscinas na varanda. Vale tudo para baixar a temperatura do corpo. Com a temperatura subindo nas cidades, só resta uma solução... Entrar no carro, pegar um avião, comprar o ticket de trem, e iniciar as férias de verão com a família.

Tirar aquela sunga branca com estampa verde da gaveta, deixar o cachorro com o vizinho, e ir em direção ao leste. O território brasileiro possui 7,367 km de praias. Sempre existe uma ideal para você descansar, relaxar. Ser feliz.

"Brasileiro viaja para praia em Janeiro"

Neste 2024 a máxima se repete. Não tem IPTU, IPVA ou crediário vencido que evite a debandada para o litoral. Com os anjinhos sem aulas, os pais embarcam na aventura de inicio de ano. Saem dos engarrafamentos nas avenidas do centro da cidade, para as filas nas padarias perto da casa de praia.

- 46 pãezinhos por favor grita o Sr. na frente da fila. 

A atendente, já acostumado com os pedidos de veraneio, olha para o Sr. e pergunta.
- Pode por na sacola?

O Sr. com seu boné vermelho, chinelo, toalha no ombro, boia e guri cheios areia, segurando a coleira do seu cachorro adaptado para o verão brasileiro "Lulu da Pomerania", responde:

- Sim.
- Mas pode adicionar 5 litros de leite também na sacola?

Antunes, estava na mesma fila do pão. Ouvindo o pedido do Sr. de boné. Olhou desanimado para a baixo. Sabia que para ele, só na próxima fornada. 45 minutos depois, voltava alegre com seus pães quentinhos para sua casa de praia. Chegou, reforçou o estoque de cerveja na geladeira, ligou sua caixinha bluetooth e tocou rock & roll até o sol se por.

O verão na praia além de uma fome incontida, também pode trazer alguns efeitos colaterais para nosso corpo. A mistura de cerveja, camarão, ostra, picolé, pastel, suco de graviola, mate gelado, biscoito de polvilho e sanduiche natural, desemboca em uma incrível aventura digestiva.

As vezes muda, mas normalmente entre o 3o e 5o dia uma leve "piriri" de verão, toma conta do seu corpo. Entra ano e sai ano, o "piriri de verão" vem como um presente de natal atrasado. Quando ele chega, não tem 3o sinal nem fila do pão que segure.

As farmácias até que se preparam enchendo as prateleira. Remédio para prender, soltar, congelar ou ate mesmo conversar seu cansado intestino. Ainda bem que nossos governos continuam continuamente investindo em obras de infraestrutura sanitária. Construindo emissários submarinos gigantes, para levar para bem longe os "torpedos" de verão da galera. Proporcionando água e areia limpas para os turistas.

O verão é assim. Muito calor, muito tempo no banheiro e muitas aventuras para guardar na memoria. 
Depois do 15o dia vivendo perto do mar, os bravos e bravas turistas de verão iniciam sua peregrinação de retorno. Alguns com a pele vermelha, outros mais queimadinhos, marquinhas de biquíni, todos felizes. Ansiosos para chegarem em casa, para ai sim...

Descansarem até o carnaval chegar.


Correspondente Internacional